segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Ação 2009 I

Natal é luz. Brilho no olhar. Confiança renovada. Fé de que haverá um alguém para me ver. Me ajudar a sair desse lugar. Nem que seja por alguns instantes. Míseros instantes, assim como é minha vida aqui nesse lugar.

Qualquer momento que me tire daqui. Me tire desse lugar, desse lixão. Na verdade, cuido de porcos...mas nem gosto de porcos. Não gosto do seu cheiro, nem de sua pele...tão parecida com a do meu marido. Tão longe da dos meus filhos. Seis...cada um mais parecido com o outro, mas ainda assim, nem tanto.

Procuro esquecer onde vivo, cuidando dos porcos. Mas nem gosto dos porcos. Gosto mesmo das andorinhas, que vem apenas no verão...essas sim me parecem ser tão felizes. Vem no tempo bom, mas nem tanto...tão quente, tão seco, tão abafado...o cheiro dos porcos fica cada vez pior...e essas moscas...nossa...acompanham os porcos. E como acompanham.

Na verdade acompanham minha existência...parece que onde eu vou tem sempre uma para infernizar...porcos...me lembram os porcos...mas tenho que cuidar deles...

O que se vai fazer mesmo?!

Ah, sim...o Natal...a luz do Natal...o brilho no olhar...sempre com fé e esperança de que vai melhorar...e quem sabe os porcos, nunca mais...

Obrigada.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

I want you (...)

Essas guerras internas
que estraçalham a carne e acabam com a beleza,
com o belo,
simplesmente endurecem,
tornam pouco, pesado, viscoso
Cheiro de enxofre das profundezas da escória humana

Bomba, calor, vapor,
Sofrimento em bala,
em ponto de bala

Nos nervos à flor da pele

por tão pouco, por quase nada
Mata, morre, corrompe, esmigalha em miúdos
qualquer réstia de luz.

A escuridão que não passa
que não vive
que embrutece a vida

Sofrimento que embala
cada passo, cada movimento,
cada cigarro, gole de fumaça e álcool
Embala cada momento de loucura
e insanidade que jura correto
que jura serne. Justificável.
Alguém (quem?) diria que não?

domingo, 6 de dezembro de 2009

Antigos II

Palhaço do Rei,
busco morangos para lhe intreter
nas festas os coloco na cabeça,
me finjo de porco
e trancorro a situação na minha mais intensa cor infantil
Satisfazendo meu Senhor.

Durmo na paz em meu quarto,
inspirando o cheiro de alfazema
que exala da minha predileta flor de abril.

II

Um belo jardim de inverno
Sentir o cherio da chuva,
da terra e do amor.
Solar dos templários
guardiões de mim
Iluminando meu estar
Sentado na sala, bem está.

Antigos I

Pelos caminhos do medo caminhei.
Percorri ladeiras com os lobos em meu encalço.
Pensei sozinho
em seguir sem guarnição.
Em cada cigarro,
um desespero
Em tantos deles, a calmaria
Um gole desse álcool,
rasgando a garganta,
parece apenas lembrar vagamente
dos órgãos esquecidos,
desses membros enfraquecidos.
De parentes há muito idos.
Seria, eu, o pleno responsável por essa situação
ou mera parte dela?

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Vitrines

Quem nunca se encantou com uma vitrine...
e quem já não quebrou uma vidraça
nessas andanças, entre morros e avenidas
todos os dias nessas vitrines
todos os dias envidraçada
Vidros transparentes
fumês
verdes
rosados
por onde vejo passar o dia
as horas
o menino amordaçado.
Quanta ilusão, quanta decepção
mas ao mesmo tempo,
cores em vitrais.